terça-feira, 27 de novembro de 2018

Crise de aniversário

Fiz 26


Sou mais feliz do que realmente mereço, e as vezes demoro pra reconhecer isso. Carrego mais culpas do acho que deveria. Sou muito grato por quem ainda está por perto de mim(apesar de eu boicotar 99% de todos os tipos de relações que tenho) e nunca deixo de me perguntar como aguentam minha chatice. Com eles aprendi que o amor suporta o insuportável.
Uma vez um amigo de sempre, me disse que os amigos se contam numa mão. Apesar de divergir da teoria por muito tempo, hoje concordo com ele. Talvez seja uma lição que só somos capazes de aprender com o passar dos anos. Amigo não é quem reparte o doce da festa, é aquele que salga com o sofrimento de nossas lágrimas.
Confio muito menos em mim. Não sou muito bonito, nem tão inteligente e sou muito menos capaz daquilo que acreditei ser. Que bom que eu descobri isso antes de fazer estragos maiores do que já fiz, porque eu sei que reúno condições para provocar dores em escala nuclear, e intermináveis.
No começo, duvidei de mim por culpa. Depois, por consciência. A consequência inevitável disso foi duvidar de todos. Nós, seres humanos somos pessoas bem duvidáveis no final das contas. Eu, que já confiei profundamente na condição humana, hoje em dia me pergunto duas, três vezes sobre as intenções de todos. Que fique claro, acho que somos confiáveis, mas não antes de passar pelo crivo da desconfiança e da dúvida. Ninguém que evite dúvidas a seu respeito merece crédito.
Joguei a toalha e desisti de tentar justificar os moralistas, os faladores, os apontadores de dedos. Esse pessoal que condena em público o que praticam em secreto. Eles são ruins. Entendi que aqueles que falam mal dos outros o tempo todo odeiam, na verdade, a si mesmos. Como são incapazes de olhar para o espelho com honestidade, descontam nos outros.
Tenho aceitado a cada dia que sou o que sou, e isso me ajudou a aceitar que as pessoas são o que são. Não suporto gente de plástico. Prefiro mil vezes um defeito humano do que uma virtude de plástico. Quero distância daqueles que vivem para esconder quem de fato são.
Como sempre disse, gente simpática de mais, muito amigo de todos, me deixa desconfiado.
Aprendi que o amor nem sempre escolhe ficar. É preciso aprender a se despedir de quem amamos, porque quem a gente ama pode querer ir embora. Porque amor é isso: uma porta aberta para suportar o nunca mais. Tem amor que nunca mais. Aprendi, também, que o amor pode ser silêncio e que é possível amar sem palavras. Tem vezes que não dizer nada já é dizer praticamente tudo.
Guardo segredos. Meu silêncio muitas vezes é uma forma de amar. Porque uma das coisas mais importantes sobre a felicidade é saber a hora de calar. Há palavras que não valem à pena, ainda que sejam verdade. Quem não sabe avaliar o todo e entender como as palavras cairão nele, não merece a confiança das grandes verdades.
Sigo amando quem não está mais em minha vida, mas esteve de maneira fundamental no passado e me ajudou a ser quem sou. Sou grato à eles. O amor é algo que não deve ser economizado. Pode soar falso, mas amo até mesmo quem me feriu ou abandonou, porque o que vivi com essas pessoas é maior do que qualquer desapontamento.
Como diz Ed René Kivitz: "Amar é diferente de gostar. Amar é querer o bem, gostar é querer perto."
Sou grato pelo passado.Vivi muita coisa boa, e muita coisa ruim, tudo fez parte do processo pedagógico que me levou a ser quem sou neste exato momento. Não me iludo sobre o futuro. Valorizo o presente. Um olho no passado para não ser ingrato. Um olho no futuro para não esperar o que não virá. Dois olhos para olhar para o lado e valorizar quem está na caminhada comigo. Quando a conta dos olhos não fechou, aprendi que para viver, são necessários quatro olhos. A vida não é uma conta matemática, é metáfora. Improvisei.
Viver é improvisar. Eu estou aqui pela primeira vez e ninguém me deu a chance de ensaiar o roteiro. Faço o melhor que posso - mas nem sempre funciona. Tem vezes que faço o pior também. Mas tenho paciência comigo, porque procuro ter com os outros. Sei que não está fácil para ninguém.
Sinto mais dor nas costas(mas é problema de postura mesmo) e nas pernas(magro sedentário). Tenho mais dores de cabeça(Sempre tive). Ando mais rabugento. A opinião dos outros me importa menos. Durmo todos os dias tentando me livrar de ressentimentos. Carrego arrependimentos intermináveis. Escrevo frequentemente sobre o amor porque escrever é infinitamente mais fácil do que viver.
Fiz 26 anos como a maioria faz e já fez. Nada demais. Hoje vou viver minha vida de todo dia, orando para que Deus crie em mim, um espírito abalável diante da presença DELE, e renove em mim a esperança de um dia chegar a ter um coração puro.
















Um comentário:

  1. Isso se chama viver, e viver requer crescimento e crescer dói não só no corpo mas na alma também.mais o mais importante mesmo é ser feliz em meio a toda adversidade. Eu te desejo toda felicidade do mundo te amo.

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