quinta-feira, 24 de outubro de 2019

A curiosidade da Amizade entre as mulheres

Sou um cara difícil de reconhecer ou externar meus sentimentos para as pessoas, mas de algumas pessoas eu gosto, e em especial, dos meus amigos. Não ganho absolutamente nada deles e as vezes até tenho gastos, mas ainda assim gosto deles. Um grupo de barbados, que atuam nos mais diferentes ramos da nossa dita classe trabalhadora do Brasil varonil ou até fora dele. Alguns deles eu vejo bem pouco, uma vez por ano talvez, outros nem vejo. Outros estão comigo quase toda semana. Também passamos semanas sem nos falar. Mas o interessante é que não importa a frequência, a intensidade é sempre a mesma quando nos encontramos.

Já aconteceu, por exemplo, de após quase um ano sem me ver, um deles aparecer na semana do meu aniversário e passar um dia de resenha comigo. Não fizemos carnaval, não nos abraçamos diferente,  nem trocamos palavras bonitas, mas a felicidade era inegável e pública, e a resenha estava garantida. Um outro amigo casou. Eu nem conhecia a namorada dele. Ai ele me chamou para o casamento, por mais que eu seja avesso a festas, eu fui e até toquei. Foi uma noite nostálgica. Já mandei uma mensagem esculhambando um deles do nada, só porque deu vontade. Rimos naquelas frases de esculhambação e continuamos proximamente distantes, como sempre.
Os grupos em comum as vezes passam por um hiato, mas quando alguém resolve falar, relembramos histórias vividas ou nos zuamos como se ainda estivéssemos compartilhando da convivência.

Hoje, pensando sobre as minhas amizades, ponderei sobre as amizades femininas e masculinas. Me baseei nas histórias, comentários e reclamações que já ouvi. Não é uma regra, óbvio, mas com certeza é no mínimo predominante o que vou dizer.
A amizade entre as mulheres é diferente. Parece um pouco mais intensa, mais expansiva, mais barulhenta. E tem algo esquisito que nós homens não entendemos: Elas parecem precisar de uma “realimentação” constante. Quando um homem julga outro como Amigo, ele o põe na “gaveta dos amigos”. Lá, a pessoa fica até que faça algo para “desmerecer” aquela posição. É como batismo, como pegar catapora, ou fazer circuncisão, depois que atinge essa etapa, você simplesmente "É". Você viveu aquilo e não há mais como voltar atrás.
Com a maior parte das mulheres não, a amizade é quase sempre em extremos. Elas não são amigas, elas estão amigas. As vezes, vejo até algumas mulheres se sentindo mais cobradas por outras “amigas” do que pelos seus próprios maridos ou namorados. É sufocante, forçado, não natural e as vezes muito feio. Existe uma cobrança e uma hierarquia para tudo, desde “quem sabe do namorado primeiro", até “quem não foi chamada para a viagem” ou “se ela vai eu não vou”. É estranho ser amigo assim. É meio caricato e com certeza muita gente já se incomodou lendo isso.

Já vi também muita mulher prestando contas à outras, ou então não sabendo como dizer um simples “não”, “não quero ir hoje”, “prefiro o amarelo”, “hoje vou sair com outras amigas” ou mesmo um "para de falar”. Tudo é mais difícil, subjetivo e dúbio entre elas. É como viver numa constante sensação de estar pisando em ovos ou uma preocupação contínua com o manter, que deveria ser consequência. Quando elas não se falam por algum tempo, elas “esfriam”. Deixam de ser amigas confidentes como foram outrora. É como uma fogueira que não foi alimentada com lenha e depois de um tempo não tem mais calor, se apaga.
Interessante, complexo e cruel esta lógica onde o seu lugar não basta ser conquistado, mas precisa ser mantido, defendido como uma terra que a qualquer momento pode sofrer uma invasão do império romano. Você nunca é, mas está. E por mais que elas neguem isso a nós, jamais poderão negar a elas mesmas o quão estão cansadas, o quanto isso machuca, o quanto isso decepciona e esfria...
Para escrever esse texto, me obriguei a listar num papel o nome de umas 15 mulheres que conheço e que legitimem minha análise. Foi fácil. A saída agora é argumentar dizendo que eu estou generalizando, aposto 1 real.