sábado, 25 de agosto de 2012

Tímido Castigo

Queria saber porque ninguém acredita que sou tímido. Queria pedir pra ninguém me analisar pelas coisas que eu escrevo e/ou penso. Quem realmente me conhece, sabe que eu mal abro a boca pra falar algo. Sorrio de cabeça baixa, não gosto de demonstrar afeto, tenho minhas próprias idéias, minhas opiniões, meu estilo de vida, sou caladão, introspectivo, só falo o essencial(com raras exceções), sou reservado, gosto mais de observar as coisas. Estudo o jeito das pessoas, como sorriem, como conversam, as expressões de tristeza e de felicidade no rosto delas. Sei quando as pessoas fingem estar feliz, e sei quando algo está incomodando. Odeio falar ao telefone com qualquer pessoa que seja. Algumas vezes falo olhando nos olhos, outras vezes, falo de cabeça baixa. Meu silêncio as vezes ajuda, outras vezes atrapalha... Já diz o ditado que quem come calado, come sempre em dobro.
Não tenho o menor talento para lidar com mulheres, consigo entendê-las, mas não sei puxar papo, fazer cantada, a arte da conquista ainda é uma incógnita pra mim,  pois minha timidez masoquista e punitiva me deixa nervoso, paralisado, em silêncio, vermelho-pimenta malagueta... já cansei de gostar de mulheres, e enterrar meu sentimento na minha solidão e na minha frouxidão, no medo do não... sofrendo bem mais que o normal.
E quando tenho uma leve sensação de tê-la conquistado, sinto como se fosse uma competição na qual eu ganho, mas deixo de ir a premiação pra consolidar a vitória. Um prêmio que é seu mas você não recebe.
O sentimento é de ser atropelado por um caminhão a 150 km/h numa Br.
A timidez ao mesmo tempo que parece ser um bom mecanismo de proteção, as vezes parece também um tipo de castigo muito injusto imposto pela vida, principalmente nessa minha fase jovem.
A timidez parece que  me exige um  certo pré-requisito, tipo ter que conviver tranquilamente com os vários rótulos, pré-julgamentos, erros de interpretação que as pessoas fazem, me faz pensar sobre isso e ter umas suposições sobre, mas só fico sabendo mesmo quando começo a ganhar mais intimidade com essas pessoas.
As pessoas te rotulam como metido, antipático, arrogante, chato, boiola(aliás uma afronta), fora os ignorantes preconceituosos que vez por outra te tiram como idiota.
Enfim, não queria precisar de pessoas que não me respeitam pelo que eu sou, que não me aceitam, que fazem uma interpretação errada de mim sem me conhecer...
Queria saber falar em público, me socializar com as pessoas que admiro, falar o que penso, o que sinto, queria saber chegar na mulher sem tremer, olhando olho no olho, sabendo o que falar, sem medo do não ou do sim...
Queria me punir menos e viver mais...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Desabafando

Eu e essa minha timidez incontrolável.
Continuo desconfiado, em silêncio no meu canto vou levando a vida sem encarar ninguém olho no olho, de cabeça baixa pra todos, invisível para aqueles que admiro, numa contradição com a alma gritando querendo ficar só e ao mesmo tempo querendo a atenção das pessoas...
Escrever o nome na história parece tarefa impossível, fazer diferença é ser o "estranho",  conversar é quase uma parada cardíaca como quando os médicos fazem de tudo pra te fazer voltar a vida e você fica um tempo sem reação...
Ter um amigo é jogar como jogar na loteria, a probabilidade de se ter um é remota, você não sabe o que falar, quando agir, como chegar, a falta de perícia nessas relações sociais faz parecer que você não se preocupa com ninguém, não ama, não sente dor, é imune aos desgostos da vida...
Falar o que o coração já está desesperado gritando? Impossível. As pernas tremem, as mãos transpiram, as batidas cardíacas aceleram, o cérebro se atrapalha com tanto pensamento, a fala embola, você muda de assunto, desvia o olhar, abaixa a cabeça, coloca as mãos no bolso, vai embora de fininho...
Queria ser sociável, poder falar o que penso e o que sinto sem medo das risadas, do pré julgamento, da desfeita, queria poder fazer a história, fazer a diferença, ser visível para as pessoas que admiro...
Queria ter um amigo que nem eu, tímido, que sofresse os mesmos problemas que eu, que não me enxergasse como um ser invisível e inválido na sociedade, talvez desse certo.
Queria não ter medo de não ser aceito pelas pessoas, queria poder confiar mais nas pessoas sem a desconfiança de me decepcionar ou de sofrer...
Queria poder falar tudo que sinto para aquela pessoa que está me fazendo perder noites de sono,  que está me fazendo ajoelhar todos os dias para orar pedindo a Deus orientação e que seja qual for a vontade de Deus, que eu tenha discernimento, serenidade e sabedoria suficiente para aceitar...
O engraçado é que com tudo isso, minha timidez continua sendo esse freio de mão que me livra de cometer excessos. Talvez eu esteja puxando de mais o freio.
Só não quero continuar perdendo o que não tenho, nem colocando a timidez como desculpa para não viver.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012